Um ensaio sobre o que tem mudado a partir do neo-Western e uma reflexão sobre a essencialidade do revisionismo do gênero para mantê-lo relevante.
Agradando a gregos, mais que a troianos
Na cinefilia, sempre me despertou imensa curiosidade o fato de que certas narrativas possuem diferente grau de apelo a depender do indivíduo. Como alguém pode preferir um romance trágico a um drama social, como outros preferem um thriller psicológico a uma comédia clássica. O que permaneceu um mistério para mim durante anos, tem se revelado muito mais simples do que poderia imaginar quando passei a assimilar o fato de que nem toda preferência é puramente subjetiva. Há razões claras, passíveis de serem pontuadas por fatores bastante objetivos, pelas quais existem narrativas que agradam mais gregos que troianos - ou vice-versa. Parte dessa análise pode ser entendida quando filmes que abordam temas sensíveis a certas minorias sociais chegam às telas: costumam agradar bem mais àqueles que se sentem representados que àqueles que não veem naquela narrativa um dilema que enfrentam na realidade e, portanto, se sentem desconectados com aquela obra.
O Western assim, para mim, sempre foi caso de desconexão. Em uma indústria historicamente dominada por homens, faz sentido que meu distanciamento com um gênero como Faroeste existisse. Suas narrativas centradas no arquétipo do cowboy, um homem fora da lei cuja ética não segue regras tradicionais, protagonista em histórias de conflitos em sua maioria racistas e machistas que têm como background uma História que me é alheia, não fazia muito sentido para mim e, quase nunca, me empolgaram. Do ponto de vista de uma mulher feminista que já não é grande entusiasta da "terra da liberdade", assistir a um filme de 200 minutos baseado na conquista do velho Oeste americano, em que é comum e desejada a violência contínua contra diferentes minorias, incluindo mulheres, índios e latinos, sempre foi equivalente a uma tortura para mim. E, embora tenha o conhecimento básico de que certos gêneros cinematográficos façam uso de dispositivos narrativos específicos que o caracterizam e, ainda, estejam em total coerência com seu momento histórico, o apelo do Western continuava bastante reduzido.
Hodiernamente, inclusive, percebi ser raro que mulheres amem o Western tanto quanto homens. Me dei conta de que a maior parte das pessoas que conversam comigo sobre o gênero eram, a grande e esmagadora maioria das vezes, homens. Isso não é nenhuma coincidência. Acredito que para homens a violência possa parecer mais divertida e, para eles, a ausência de personagens femininas está longe de ser um incômodo, podendo passar despercebida. Enquanto isso, para nós mulheres esses são fatores com o poder de tornar o gênero algo muito distante e enfadonho. Em cenas de intensa violência física contra personagens femininas, inclusive, pode se tornar ofensivo e desconfortável - como acontece em um filme clássico do gênero, Três Homens em Conflito (1966) em que Lee Van Cleef agride Rada Rassimov repetidamente até conseguir o nome de Bill Carson.
O Western, portanto, não era um gênero explorado dentro da minha cinefilia. Foi deixado de lado, por alguns muitos anos, até eu assistir Por Um Punhado de Dólares (1964), no mesmo mês em que vi Domando o Destino (2017). Desde esse momento, minha perspectiva sobre o gênero mudou e eu pude notar que estava testemunhando uma mudança importante e
bastante profunda do Faroeste, uma espécie de novo Western com novos cowboys e novos dilemas, mas que se fazia essencial saber de sua essência para compreender seu futuro empolgante. E esse foi o pontapé inicial para que eu me debruçasse sobre o gênero como alguém que gostaria de entender a história de algo, apenas para entender como subvertê-lo depois.
O nascimento de um novo subgênero
Foi partir do filme protagonizado por Clint Eastwood, dirigido por Sergio Leone e com trilha sonora memorável de Ennio Morricone, precursor do subgênero específico Western Spaghetti, pude perceber todos os pontos os quais me distanciavam do arquétipo mais tradicional e histórico do cowboy, que embora aqui se afaste um pouco daquele retratado nos filmes de John Ford, por exemplo, continuava pouco interessado em deixar de lado seus vieses machistas e racistas em tela. O pistoleiro-sem-nome é um anti-heroi movido pela sua própria percepção de "certo e errado" que, embora escolha por protagonizar um ato heroico ao final, continua a propagar uma visão específica de masculinidade, incorporando em si, essencialmente, todos os males que continuavam a me afastar do gênero, os quais em que pese condizentes à época, ainda assim não são menos problemáticos por isso. Ao final, estava compreendendo bem mais dessa mudança histórica do arquétipo do cowboy através dos anos e havia achado o filme divertido, mas não o suficiente para estar fascinada por essa obra ou ter o mesmo nível de excitação que os homens com quem discuti sobre.
A princípio, não entendi a fundo o porquê. Mas, a partir de Domando o Destino, segundo filme da diretora Chloe Zhao, pude ter uma revelação fundamental, base que serviu de inspiração para esse artigo: eu gosto de Western, mas talvez goste mais de uma forma diferente de vê-lo. Ao subverter os tradicionais dispositivos do gênero, Zhao construiu uma obra interessantíssima centrando sua história no cowboy, como outrora, mas modificando esse arquétipo de uma forma muito mais instigante ao humanizar e amadurecer seu personagem, que se afastando sumariamente daquele imbatível homem-sem-nome de Clint Eastwood ou de um personagem clássico de John Wayne, foca em um jovem cowboy que após um acidente grave, provavelmente nunca mais voltará a montar um cavalo. Foi assim, portanto, que me vi fascinada com outros aspectos tradicionais do gênero. Embora soubesse que sempre estiveram ali, os belos planos abertos pelo deserto e o conflito principal, nunca me pareceram tão interessantes quanto naquele momento. Um vínculo honesto foi estabelecido comigo, e a partir disso, olhar para o todo se tornou prazeroso. Algo que senti sucessivamente, em outros títulos.
Partindo do próprio Clint Eastwood, que escolhe mudar os olhares sobre si mesmo a fim de adentrar um espaço que antes não parecia lhe caber, percebi que nele havia uma necessidade saudável de reverter o arquétipo de cowboy que ele mesmo ajudou a construir com Os Imperdoáveis (1992). Nessa obra, ao passo que homenageia suas raízes no Western, também se empenhou em subverter as narrativas tradicionais do gênero quando optou por um caminho muito mais humanizado, centrando a sua discussão em uma análise mais aprofundada sobre vingança. Se antes tão cobiçada nos filmes de Ford a Leone, em Os Imperdoáveis, a vingança toma um caminho muito mais racionalizado diante das reflexões que se seguem. E que irão continuar ao longo de sua carreira, sempre revolucionando o arquétipo histórico que esteve atrelado à sua imagem.
O diretor inaugura uma série de filmes como As Pontes de Madison (1995), Sobre Meninos e Lobos (2003), Gran Torino (2008), A Mula (2018), e, por último, Cry Macho (2021), nos quais a antiga ideia de masculinidade e discriminação violenta contra minorias se tornam algo distante e recriminável. Isso me deixou ainda mais curiosa sobre como esse gênero que eu mal conhecia, estava abrindo as portas para algo diferente. Foi quando percebi ser emblemático que a cena final de Gran Torino seja a morte de um homem que inicia o filme sendo um republicano preconceituoso e xenófobo, dando sua vida por um menino imigrante pelo qual se afeiçoa. Também foi emblemático que Clint tenha feito uma das histórias de amor mais sensíveis do século com As Pontes de Madison e seja, até hoje, na minha opinião, o responsável por uma das únicas cenas de nu feminino que foram filmadas por homem cuja exploração do corpo não foi sentida por mim. E, por último mas não menos importante, emblemático que o Cry Macho, seu mais recente filme, seja um road-movie sobre um cowboy aposentado, que viaja até o México para resgatar uma criança vítima de abusos.
No cinema de Clint enquanto diretor, a palavra de ordem é a subversão do gênero e do arquétipo. E o mesmo pode ser percebido em outros cineastas como Kelly Reichardt, que vai seguir pelas mesmas questões quando decide fazer um filme que parece uma crônica divertida sobre a primeira vaca a chegar na América, mas porque a diretora não o faz sob uma perspectiva tradicional, se torna uma obra-prima que subverte elementos clássicos do faroeste e une a estética conhecida aos conflitos morais existentes no gênero, mantendo as características essenciais que fazem deste ser reconhecido: seus cenários, seus figurinos e seus planos. Atualizando o faroeste tendo como ponto de partida, aparentemente, a mesma ambição que se via em Três Homens em Conflito, Reichardt cria uma crítica bem-humorada com uma conclusão inesperada, nascendo assim um dos filmes mais bem criticados de 2020, First Cow.
Outro exemplo, é Chloe Zhao que estreia, ainda como estudante em Sundance, o longa Songs My Brothers Taught Me (2015) e parece seguir o mesmo caminho de que Reichardt seguiu anos depois: uniu a estética do faroeste ao arquétipo de cowboy, com conflitos e dilemas atualizados, inserindo uma crítica à sociedade estadunidense e revolucionando ainda mais esses temas quando decide trabalhar com uma fração demográfica invisibilizada da população, especialmente indígenas - se antes dizimados em tela, hoje protagonistas dos faroestes. A diretora utiliza a luz natural que invade sua câmera para despir os seus personagens principais da masculinidade tóxica que outrora lhe fora cobrada, e parece fazer isso, inicialmente, com pouca consciência de que está iniciando um novo momento do gênero. Posteriormente, Zhao faz o mesmo com Domando o Destino (2017), outro filme extremamente sensível, onde ela eleva ainda mais o que iniciou na sua primeira obra.
Mais recentemente, Jane Campion tem a mesma preocupação em Ataque dos Cães (2021) quando aborda como temática central a masculinidade tóxica do personagem Phil (Benedict Cumberbatch) e, não menos interessante, ressignifica a importância dos papéis femininos dentro das tramas de faroestes, antes tão subdesenvolvidos, com a complexa Rose (Kirsten Dunst). Com uma difícil história que gira torno de temáticas como homossexualidade e repressão, a diretora também despe seu protagonista das concepções tradicionais do que um cowboy deveria ser, para nos fazer enxergar o sujeito com outros olhos ao final. Sendo responsável por um dos filmes mais elogiados do ano, esse Western revisionista irá utilizar uma série de elementos clássicos do gênero para contar uma história mais atual que nunca sobre homofobia, alcoolismo e abuso.
No filme dirigido por The Bullits, Vingança e Castigo, também deste ano, a subversão também existe. Todos os protagonistas são negros, em uma narrativa movida por vingança. O tema está aqui, os cowboys também, os figurinos, os planos e os cenários são os mesmos dos anos 30, no entanto há algo essencial que muda essa história: quem conta. Isso é suficiente para modificar o interesse, revolucionar o gênero e criar uma narrativa disruptiva. Consciente do fato de que o Faroeste tradicional jamajs teria uma história de cowboys protagonizada por um grupo de pessoas negras nos Estados Unidos da América, The Bullits compreende a importância da própria obra e vai valorizar e evidenciar esse fato sempre que pode.
Portanto, Clint Eastwood (Cry Macho), Chloe Zhao (Domando o Destino), Kelly Reichardt (First Cow - A primeira vaca da América), The Bullits (Vingança e Castigo), Jane Campion (Ataque dos Cães) estão promovendo um revisionismo do gênero, onde novos olhares reescrevem sua história, inaugurando uma nova fase do gênero: o neo-Western ou o Western Revisionista.
O revisionismo do Faroeste: o que caracteriza o Western?
O revisionismo, naturalmente, faz parte da História e faz parte do Cinema. Onde há História, há revisionismo. E, levando em consideração que a máxima “a arte imita a vida” reserva sua verdade e que o Cinema é fortemente influenciado pela História, o revisionismo dentro da sétima arte é esperado. Afinal, rever antigos valores dentro da arte cinematográfica não é apenas inevitável como se faz necessário. Modificar a visão um tanto datada de um gênero tão tradicional, atualizando seus dispositivos em prol de contar histórias que antes não se imaginaria caber neste, é algo que apenas o revisionismo pode proporcionar. Em uma sociedade globalizada, onde entende-se que comunidades indígenas foram cruelmente dizimadas na conquista ao Oeste e isso se trata de uma forte e dolorosa dívida histórica, ou que mexicanos foram e ainda são cruelmente tratados e estigmatizados pela sociedade estadunidense, não cabe mais filmes de faroeste que reforçam essas narrativas.
Subverter o arquétipo do cowboy e colocar uma discussão pertinente de viés moral e sociológico sobre suas ações é, assim, do interesse de uma sociedade onde não cabe mais retratar um sujeito amoral, cuja construção de personagem gira em torno de reafirmar a sua masculinidade tóxica e reforçar comportamentos violentos contra grupos minoritários. Não cabe mais retratar personagens femininas reduzidas a estereótipos rasos, cujas aparições servem unicamente ao personagem masculino, sendo violentadas e humilhadas em tela ao ápice do desconforto - à exceção de grandes clássicos como Johnny Guitar (1954) e Era uma vez no Oeste (1968), muitos faroestes caem no erro de subjugar suas personagens femininas. Assim como, em um país cuja discussão sobre desarmamento se reforça a cada novo atentado, não é mais tão plausível alinhar seu povo com uma visão tão dúbia sobre o uso desenfreado de armas e seus rastros de destruição. Trata-se de um novo momento, que exige do Cinema e de todas as outras artes, uma nova abordagem que antes se fazia impensável.
É o revisionismo que impede que o Western viva do passado, abrindo espaço para uma reconstrução do gênero a qual se volta para o futuro. O que pode parecer anacronismo da minha parte para muitos na realidade, que fique claro, não deve jamais ser interpretado
como um desprezo aos filmes mais tradicionais do gênero Western - ou pelo gênero em si - mas sim como algo essencial, que tem viés no início da minha própria meditação sobre o tema, partindo de uma análise comparada com base revisionista, em que tento racionalizar essa tendência recente, especialmente de mulheres cineastas, no interesse pela mudança de perspectiva profunda pela qual o gênero hoje passa.
Não tenho interesse em apontar, repetidas vezes, questões que me desagradam no Western dos anos 30 aos 60, mas sim de provocar um pensamento crítico a partir dessas problemáticas que irão acabar moldando o que hoje é uma revisão massiva do que faz o Faroeste ser o Faroeste. Mas, afinal, o que faz o Faroeste ser o Faroeste? Formalistas diriam que as principais características do Western estão nas escolhas técnicas dos planos, cenários, figurinos e montagem. Outros, mais realistas, diriam que o faroeste vive de suas histórias: o cowboy, o conflito e seus temas. Mas, como muitos sabem, o formalismo e o realismo andam lado a lado e nunca podem se dissociar completamente, por isso é mais que claro que o que faz do Faroeste o que conhecemos mora em todos esses aspectos. Está na história, é claro, mas também no modo que se usa para contá-la.
Voltar-se para o futuro: o que vem agora?
Então, analisando o cinema de Zhao, Reichardt, The Bullits e Campion, faz sentido que o Western tenha florescido nos últimos anos para mulheres e minorias, no geral: a forma de vê-lo tem mudado. É aqui que mora a objetividade diante da subjetividade das preferências: acreditamos piamente que odiamos um gênero, mas talvez só estejamos condicionados a um modo de enxergá-lo, o modo dominante e normativo de vê-lo. Hoje, presenciamos um novo Western pelo olhar de grupos minoritários, sejam indígenas, mulheres ou negros, todos aqueles que antes eram desprezados pelo gênero, utilizando seu estilo clássico para contar novas histórias. É por isso que filmes como Vingança e Castigo (2021), também são alvo de ótimas críticas e cativam o público. Há interesse em um revisionismo que, embora preserve o que há de mais característico no gênero, também possibilita novas histórias sob novas perspectivas.
No caso de Clint, observamos o Cinema pelo olhar de quem quer promover a mudança. Embora do alto de seus privilégios. Em suma, se o cinema é o olhar, então o olhar que nos é apresentado é uma chave para um novo mundo. A partir desse olhar, somos guiados por valores que se modificam, e o que poderia ser apenas uma história qualquer, ganha o mundo com nuances e referências que conversam conosco de forma única. Essa é a essência do novo Faroeste, que tem aproximado novas gerações de um gênero antes visto de forma tão tradicionalista e é o revisionismo, como um todo, que irá permitir isso, no final das contas. Assim como mulheres, indígenas e negros também possuem o direito de reinvidicar uma narrativa própria nesse novo faroeste.
Em Ataque dos Cães, First Cow e Domando o Destino, por exemplo, é o olhar feminino, chamado female gaze, mencionado pela primeira vez na teoria feminista de Laura Mulvey, que permite essa revisão essencial. Pois, se não incomodava aos homens a exposição de personagens femininas à humilhação ou mera mediocridade em seus papéis, hoje o objetivo é fazer diferente. Ainda que nestes filmes a ausência de personagens femininas de grande impacto ainda seja sentida, a desconstrução do protagonista, subversão do arquétipo tradicional e a sensibilidade das temáticas possuem um poder muito maior de atrair mulheres e homens de forma proporcional que os faroestes antigos. Algo similar vai acontecer com um filme feito por um diretor negro, com cinco protagonistas negros em uma história de cowboys, cujo foco tradicionalmente nunca fora voltado à essa comunidade: existe a imensa probabilidade de que pessoas que jamais assistiram à um Era Uma Vez no Oeste por ausência de interesse, se interessem muito mais por Vingança e Castigo.
Diante disso, é sensato afirmar que podemos esperar muito mais filmes dentro dos moldes do Modern Western nos próximos anos. O que se iniciou de forma tímida, tem ganhado as telas das plataformas de streaming cada vez mais com três lançamentos em 2021, de diretores diferentes. Nesse cenário, não há mais espaço para cowboys envoltos no senso ultrapassado de sua própria masculinidade irrevogável, nem gloriosas histórias de trens, guerras e vinganças. Embora vez ou outra possamos encontrar temas similares com os de outrora, tenhamos certeza de que os faroestes nunca mais voltarão a ser como foram, mesmo que por fora pareçam.
Há quem diga, com toda propriedade, que os novos faroestes são contraditórios, ou mesmo que não existem, no entanto para tal apenas se baseiam em concepções conservadoras de um purismo equivocado que não permite uma nova concepção diante de um gênero tão tradicional. No entanto, eis a importância do revisionismo cinematográfico: não deixar o gênero morrer no passado, possibilitar uma atualização dele que construa o futuro e atrair mais pessoas para conhecer a sua história. Caso não tivesse me interessado tanto pelo cinema de Zhao, Reichardt, The Bullits e Jane Campion, é provável que Por Um Punhado de Dólares, Três Homens em Conflito e Era uma vez no Oeste tivessem passado despercebido por mim. Para conhecer a História, é preciso ter interesse por ela.
Por isso foi essencial, para mim, voltar no tempo direto para os anos 30 para compreender o que existia nesse arquétipo de cowboy que tanto me incomodava, e razão pela qual o novo Western fazia tão mais sentido para mim, pessoalmente. Diante de um mundo tão plural, gêneros tão tradicionalistas podem hoje contar com narrativas totalmente disruptivas, que irão integrar-se muito bem à atualidade de seus temas com o estilo inconfundível de seu gênero. Hoje, desprendo-me, feliz, das amarras que um dia me ataram para longe do Faroeste. Compreendê-lo em sua totalidade me aproxima bem mais do Cinema do que jamais estive e me faz valorizar seu revisionismo assim como sua relevância histórica, fazendo a escolha consciente, assim, de me voltar para o seu futuro, curiosa,justamente por não saber o que me aguarda.
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